Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, nasceu a 24 de novembro de 1906, na freguesia da Sé, em Lisboa. Desde cedo, tomou contato com a literatura, através das leituras que a sua mãe lhe fazia, conhecendo, deste modo, os mestres - Camões, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e Cesário Verde.
Aos 5 anos escreve os primeiros poemas. A par desta inclinação flagrante para as letras, quando entra para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contato com as ciências, despertando nele um novo interesse – o mundo das ciências que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu. Este fator será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, era extremamente pragmático e sentia-se atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, acontece e, assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.
Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na Faculdade de Letras do Porto, prenunciando assim a sua atividade principal durante 40 anos – professor e pedagogo.
Começando por estagiar no liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir leccionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do liceu Pedro Nunes. Para ele, ensinar era uma paixão, afirmando, sem hesitar, que: “Ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria, mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação”. Assim, além da colaboração como co-director da Gazeta de Física a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusive, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a Física e a Química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção Ciência para gente nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um caráter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.
A dedicação à ciência e à sua divulgação não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive, trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.
Apesar da intensa atividade científica, não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la. Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento perpétuo. No entanto, este surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou. A obra
é bem recebida pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e, depois, no ensaio e na ficção.
O professor Rómulo de Carvalho, entretanto, após 40 anos de ensino, em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal, decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura, é convidado para lecionar na Universidade, mas declina o convite.
Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes, dedica-se por inteiro à investigação, publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo de morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas póstumos.
Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da referida Academia, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.
Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta são reconhecidos publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.
Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997, a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas póstumos e Novos poemas póstumos.
Aos 5 anos escreve os primeiros poemas. A par desta inclinação flagrante para as letras, quando entra para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contato com as ciências, despertando nele um novo interesse – o mundo das ciências que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu. Este fator será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, era extremamente pragmático e sentia-se atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, acontece e, assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.
Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na Faculdade de Letras do Porto, prenunciando assim a sua atividade principal durante 40 anos – professor e pedagogo.
Começando por estagiar no liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir leccionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do liceu Pedro Nunes. Para ele, ensinar era uma paixão, afirmando, sem hesitar, que: “Ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria, mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação”. Assim, além da colaboração como co-director da Gazeta de Física a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusive, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a Física e a Química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção Ciência para gente nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um caráter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.
A dedicação à ciência e à sua divulgação não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive, trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.
Apesar da intensa atividade científica, não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la. Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento perpétuo. No entanto, este surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou. A obra
é bem recebida pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e, depois, no ensaio e na ficção.
O professor Rómulo de Carvalho, entretanto, após 40 anos de ensino, em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal, decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura, é convidado para lecionar na Universidade, mas declina o convite.
Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes, dedica-se por inteiro à investigação, publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo de morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas póstumos.
Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da referida Academia, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.
Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta são reconhecidos publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.
Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997, a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas póstumos e Novos poemas póstumos.
As ciências e a poesia de mãos dadas…Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" António Gedeão, provinham da mesma fonte e se completavam mutuamente.
POEMA PARA GALILEO
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Oficio.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria ...
Eu sei ... Eu sei ...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar - que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação -
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se estivesse tornando num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas - parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai, Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa dos quadrados dos tempos.
Rómulo de Carvalho diz este poema de António Gedeão:
POEMA PARA GALILEO
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Oficio.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria ...
Eu sei ... Eu sei ...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar - que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação -
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se estivesse tornando num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas - parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai, Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa dos quadrados dos tempos.
Rómulo de Carvalho diz este poema de António Gedeão:
MÁQUINA DO MUNDO
O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
AURORA BOREAL
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
Uma poesia de intervenção, de lucidez e de sonhos…
A poesia de António Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que Pedra Filosofal, musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho. E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum Fala do homem nascido.
PEDRA FILOSOFAL
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto- forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Podemos acompanhar Manuel Freire que canta este poema:
FALA DO HOMEM NASCIDO
(Chega à boca da cena, e diz:)
Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
Para ouvir o poema cantado por Adriano Correia de Oliveira:
LÁGRIMA DE PRETA
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu- me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
IMPRESSÃO DIGITAL
Os meus olhos são uns olhos,
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
Para saber mais, podemos acompanhar o documentário sobre Rómulo de Carvalho emitido pela RTP2:
O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
AURORA BOREAL
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
Uma poesia de intervenção, de lucidez e de sonhos…
A poesia de António Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que Pedra Filosofal, musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho. E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum Fala do homem nascido.
PEDRA FILOSOFAL
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto- forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Podemos acompanhar Manuel Freire que canta este poema:
FALA DO HOMEM NASCIDO
(Chega à boca da cena, e diz:)
Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
Para ouvir o poema cantado por Adriano Correia de Oliveira:
LÁGRIMA DE PRETA
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu- me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
IMPRESSÃO DIGITAL
Os meus olhos são uns olhos,
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
Para saber mais, podemos acompanhar o documentário sobre Rómulo de Carvalho emitido pela RTP2:
Bibliografia do Autor
Obra Literária
Poesia
Movimento Perpétuo, 1956
Teatro do Mundo, 1958
Declaração de Amor, 1959
Máquina de Fogo, 1961
Poesias Completas, 1964
Linhas de Força, 1967
Soneto, 1980
Poema para Galileu, 1982
Poemas Póstumos, 1984
Poemas dos textos, 1985
Novos Poemas Póstumos, 1990
Ficção
Movimento Perpétuo, 1956
Teatro do Mundo, 1958
Declaração de Amor, 1959
Máquina de Fogo, 1961
Poesias Completas, 1964
Linhas de Força, 1967
Soneto, 1980
Poema para Galileu, 1982
Poemas Póstumos, 1984
Poemas dos textos, 1985
Novos Poemas Póstumos, 1990
Ficção
A poltrona e outras novelas, 1973
Teatro
RTX 78/24, 1978
História Breve da Lua, 1981
Ensaio
O Sentimento Científico em Bocage, 1965
Ay Flores, Ay flores do verde pino, 1975
Obra Científica
Carácter didático e pedagógico
"Regras de notação e nomenclatura química" (artigo), 1950
"Considerações sobre o ensino elementar da Física" (artigo), 1952
Compêndio de Química para o 3º Ciclo, 1953
"Experiências escolares sobre tensão superficial dos líquidos e sobre lâminas da solução de sabão" (artigo), 1957
"Guias de trabalhos práticos de Química" [3º Ciclo], 1957
"Acerca do número de imagens dadas pelos espelhos planos inclinados entre si" (artigo), 1959
"A física como objecto de ensino" (artigo), 1959
Problemas de Física para o 3º Ciclo do Ensino Liceal, I volume, 1959
"Considerações sobre o princípio de Arquimedes" (artigo), 1961
"Novas maneiras de trabalhar com os tubos de Torricelli" (artigo), 1962
"Novo sistema de unidades físicas" (artigo), 1962
"Novo dispositivo para o estudo experimental das leis de reflexão da luz" (artigo), 1963
"Sobre os compêndios universitários exigidos pela Reforma Pombalina" (artigo), 1963
"O ensino elementar da Cinemática por meio de gráficos" (artigo), 1964
"Teoria e prática da ponte de Wheatstone" (artigo), 1964
"La formation du professeur de physique" (artigo), 1965
"Ciências da Natureza", 1974
"Aditamento ao guia de trabalhos práticos de Química", 1975
Divulgação científica
"Considerações sobre o ensino elementar da Física" (artigo), 1952
Compêndio de Química para o 3º Ciclo, 1953
"Experiências escolares sobre tensão superficial dos líquidos e sobre lâminas da solução de sabão" (artigo), 1957
"Guias de trabalhos práticos de Química" [3º Ciclo], 1957
"Acerca do número de imagens dadas pelos espelhos planos inclinados entre si" (artigo), 1959
"A física como objecto de ensino" (artigo), 1959
Problemas de Física para o 3º Ciclo do Ensino Liceal, I volume, 1959
"Considerações sobre o princípio de Arquimedes" (artigo), 1961
"Novas maneiras de trabalhar com os tubos de Torricelli" (artigo), 1962
"Novo sistema de unidades físicas" (artigo), 1962
"Novo dispositivo para o estudo experimental das leis de reflexão da luz" (artigo), 1963
"Sobre os compêndios universitários exigidos pela Reforma Pombalina" (artigo), 1963
"O ensino elementar da Cinemática por meio de gráficos" (artigo), 1964
"Teoria e prática da ponte de Wheatstone" (artigo), 1964
"La formation du professeur de physique" (artigo), 1965
"Ciências da Natureza", 1974
"Aditamento ao guia de trabalhos práticos de Química", 1975
Divulgação científica
Colecção Ciência para Gente Nova
Ciência Hermética, 1947
Embalsamento Egípcio, 1948
"Sr. Tompkins explora o átomo", 1956
Que é a física?, 1959
A Física para o Povo, 1968
A Descoberta do Mundo da Física, 1979
A Experiência Científica, 1979
A Natureza Corpuscular da Matéria, 1979
Moléculas, Átomos e Iões, 1979
A Energia, 1980
A Estrutura Cristalina, 1980
As Forças, 1980
As Reacções Químicas, 1980
O Peso e a Massa, 1980
A Composição do Ar, 1982
A Electricidade Estática, 1982
A Pressão Atmosférica, 1982
A Corrente Eléctrica, 1983
A Electrónica, 1983
Magnetismo e Electromagnetismo, 1983
A Energia Radiante, 1985
A Radioactividade, 1985
Ondas e Corpúsculos,1985
Investigação histórica
"Ferreira da Silva, Homenagem da Ciência e de pensamento 1853-1923 (artigo)", 1953
"A pretensa descoberta da lei das acções magnéticas por Dalla Bella em 1781 na Universidade de Coimbra" (artigo), 1954
"Presença de Descartes" (artigo), 1950
"No primeiro centenário de Lorentz" (artigo), 1953
"Portugal nas 'Philosophical Transactions' nos séculos XVII e XVIII" (artigo), 1956
"Albert Einstein (1879-1955)" (artigo), 1956
"Joaquim José dos Reis, construtor das máquinas de física do Museu Pombalino da Universidade de Coimbra" (artigo), 1958
"História da Fundação do Colégio Real dos Nobres de Lisboa" [1765-1772], 1959
"Posição histórica de invenção do nónio de Pedro Nunes" (artigo), 1960
"Homenagem a Pascal, 3º centenário" (artigo), 1962
"Apontamentos sobre Martinho de Mendonça de Pina e de Proença [1693-1742]" (artigo), 1963
"Leonis de pina e Mendonça, Matemático Português do século XVII?" (artigo), 1964
"Breve desenho de educação de um menino Nobre" (artigo), 1965
"Relações científicas do astrónomo francês Joseph-Nicolas de L'Isle com Portugal" (artigo), 1967
"A física na Reforma Pombalina" (artigo), 1968
"História do gabinete de Física da Universidade de Coimbra [1772-1790] - desde a sua fundação em 1772 até ao Jubileu do Prof. Giovani António Dalla Bella", 1978
"Relações entre Portugal e a Rússia no Século XVIII", 1979
"A Actividade Pedagógica da Academia das Ciências da Lisboa nos Séculos XVIII e XIX", 1981
"A Física Experimental em Portugal no Século XVIII", 1982
"A Astronomia em Portugal no Século XVIII", 1985
"História do Ensino em Portugal, desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano", 1986
"O Texto Poético Como Documento Social", 1994
"A pretensa descoberta da lei das acções magnéticas por Dalla Bella em 1781 na Universidade de Coimbra" (artigo), 1954
"Presença de Descartes" (artigo), 1950
"No primeiro centenário de Lorentz" (artigo), 1953
"Portugal nas 'Philosophical Transactions' nos séculos XVII e XVIII" (artigo), 1956
"Albert Einstein (1879-1955)" (artigo), 1956
"Joaquim José dos Reis, construtor das máquinas de física do Museu Pombalino da Universidade de Coimbra" (artigo), 1958
"História da Fundação do Colégio Real dos Nobres de Lisboa" [1765-1772], 1959
"Posição histórica de invenção do nónio de Pedro Nunes" (artigo), 1960
"Homenagem a Pascal, 3º centenário" (artigo), 1962
"Apontamentos sobre Martinho de Mendonça de Pina e de Proença [1693-1742]" (artigo), 1963
"Leonis de pina e Mendonça, Matemático Português do século XVII?" (artigo), 1964
"Breve desenho de educação de um menino Nobre" (artigo), 1965
"Relações científicas do astrónomo francês Joseph-Nicolas de L'Isle com Portugal" (artigo), 1967
"A física na Reforma Pombalina" (artigo), 1968
"História do gabinete de Física da Universidade de Coimbra [1772-1790] - desde a sua fundação em 1772 até ao Jubileu do Prof. Giovani António Dalla Bella", 1978
"Relações entre Portugal e a Rússia no Século XVIII", 1979
"A Actividade Pedagógica da Academia das Ciências da Lisboa nos Séculos XVIII e XIX", 1981
"A Física Experimental em Portugal no Século XVIII", 1982
"A Astronomia em Portugal no Século XVIII", 1985
"História do Ensino em Portugal, desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano", 1986
"O Texto Poético Como Documento Social", 1994
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