terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Autor do Mês





Miguel Torga



Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha (São Martinho de Anta, Vila Real, 12 de Agosto de 1907 – Coimbra, 17 de Janeiro de 1995), é considerado um dos mais importantes escritores do século XX.
A sua proveniência é bastante humilde e os primeiros anos de vida são marcados pelas dificuldades económicas da família. Aos dez anos, serviu como porteiro e moço de recados numa casa apalaçada do Porto, mas, um ano depois, foi despedido por causa da sua atitude insubmissa. Em 1918, frequentou o Seminário de Lamego, o que possibilitou um alargamento profundo dos seus conhecimentos, no entanto, no fim das férias, Miguel Torga comunicou ao seu pai que não queria ser padre.
No ano seguinte, com doze anos, emigrou para o Brasil, para trabalhar na cultura do café, na fazenda de um seu tio, que, ao aperceber-se da sua inteligência, lhe financia os estudos liceais. Vendo como o sobrinho se torna um distinto aluno, o tio propõe-se pagar-lhe os estudos e apoiar o seu regresso a Portugal. Assim, em 1928, Miguel Torga ingressa na Faculdade de Medicina de Coimbra e inicia a sua actividade literária, publicando, no mesmo ano, Ansiedade.
No ano seguinte, começa também a colaborar com o grupo da Presença, do qual fazem parte José Régio, Branquinho da Fonseca e Gaspar Simões, mas, invocando “razões de discordância estética e razões de liberdade humana”, logo se veio a demarcar deste grupo literário, em 1930. Foi muito breve, pois, a sua ligação e fica muito evidente a forma como prezava, acima de tudo, a sua liberdade e a sua independência estética e ideológica. Estes valores, aliás, sempre marcaram a sua obra e a sua vida.
Em 1933, concluiu a sua formatura em Medicina e no início, exerceu a sua profissão nas agrestes terras transmontanas, de onde era originário e que tanto inspiraram a sua obra literária.
A escolha do pseudónimo, em 1934, revela a admiração do escritor por dois grandes vultos da cultura ibérica – Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Por outro lado, o seu amor à natureza traduz-se na escolha de torga, uma planta bravia, de flor branca ou arroxeada ou cor de vinho, própria da montanha e que se caracteriza por ser muito resistente,
Mais tarde, a partir de 1939, vem para Coimbra exercer a sua actividade profissional, mantendo também um ritmo vivo ao nível da produção e publicação literárias.

(a torga)


Vídeo Comemorativo dos 100 anos do Autor





Para ouvir Miguel Torga





O espírito natalício na poesia de Miguel Torga



Natividade

Arde no coração da noite
A ritual fogueira que anuncia
O eterno milagre
Do nascimento.
Batida pelo vento,
Que da cinza das brasas faz semente,
É um sol sem firmamento,
Directamente
Aceso
E preso
À terra
Por mãos humanas.
De raízes profanas,
Lume de vida a bafejar a vida,
O seu calor aquece
A única certeza que merece
Ser aquecida…

in Diário VIII




Miguel Torga em defesa dos Direitos do Homem...

"Torga nunca esqueceu a sua origem transmontana e humilde, de filho de gente do povo. Marcado pelas dificuldades que passou na infância e na adolescência e pela vida dura que via à sua volta, em grande parte das pessoas da sua região, serviu‑se da pena para lutar e defender os direitos e a melhoria das condições de vida do homem, chamando a atenção para o que de errado lhe parecia existir à sua volta, situando espacialmente muitas das suas criações na região transmontana."

(Carlos Leito Ribeiro, http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Miguel_Torga.html)

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